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Espiritualidade, religiosidade e religião

“Aproxima-se o homem terreno da Era do Espírito, sob a luz da

Religião Cósmica do Amor e da Sabedoria (…)”.

Nos domínios da mediunidade – Cap. 1 – André Luiz / Chico Xavier

“Todos os Espíritos, reencarnando no planeta, trazem consigo a ideia de Deus, identificando-se de modo geral nesse sagrado princípio.”

O consolador, questão 296 – Emmanuel / Chico Xavier

SAÚDE E ESPIRITUALIDADE

É interessante pensar sempre no quanto os conhecimentos do mundo se aproximam cada vez mais daqueles que vêm sendo trazidos pela espiritualidade.

Para o Espírito Joseph Gleber, Saúde é a real conexão criatura/Criador, e a doença é contrário momentâneo de tal fato. (O Homem Sadio – Roberto Lúcio e Alcione Albuquerque). E a ciência, por meio de muitas pesquisas, gradativamente tem chegado a conclusões que se afinam cada vez mais com esse entendimento.

Seguindo essa abordagem, em 1948, a Organização Mundial de Saúde (OMS), trouxe o conceito de que saúde não era simplesmente a ausência de doenças e, com isso, já propunha uma visão de vanguarda, muito mais ampla para o tema.

Mas foi 40 anos depois que a própria OMS incluiu a dimensão espiritual no conceito de saúde, vinculado à qualidade de vida, afirmando a importância de questões como o significado e o sentido da vida, porém não se limitando propriamente a nenhuma religião.

E em 1999 a OMS acrescentou um novo termo em sua definição: Saúde é o estado de completo bem-estar físico, mental, espiritual e social, e não apenas a ausência de doença ou enfermidade. [1]

Desta maneira, a espiritualidade passou a ser levada em consideração para a OMS, na avaliação e promoção da saúde, referindo-se ao somatório de sentimentos e crenças de âmbito não material, supondo que há mais coisas na vida do que propriamente possa ser percebido ou compreendido até o momento, com base em vários estudos científicos que tem encontrado uma evidente correlação entre saúde e espiritualidade.

É que as pessoas com maior grau de espiritualidade, tendem a ter melhor saúde, pois se cuidam mais, seguem uma dieta mais saudável, seguem mais corretamente as instruções médicas quando precisam tomar remédios, e com isso, aderem melhor ao tratamento. Mas além destes aspectos, os que dizem respeito à forma como essas pessoas lidam com a vida, são os que mais se destacam.

Levando-se em consideração essas perspectivas positivas da espiritualidade na vida, a OMS desenvolveu uma ferramenta de avaliação, chamada de  Instrumento de Qualidade de Vida que aborda sobre Espiritualidade, Religião e Crenças Pessoais contemplando os tópicos abaixo:

A conexão com um Ser Superior ou Força Espiritual: O quanto o contato com o Poder Superior pode auxiliar na resolução de problemas ou no entendimento de momentos difíceis?

O sentido na vida: Como está o nível com o qual a pessoa percebe o sentido de sua vida?

A admiração: Como está a capacidade de admirar e apreciar as coisas que a inspiram a viver?

A totalidade e integração: Como está a sensação de equilíbrio entre a mente, o corpo e a alma, de maneira a criar mais harmonia entre as ações, os pensamentos e os sentimentos?

A força espiritual: Como está a intensidade da força espiritual interna para auxiliá-la em momentos difíceis ou mesmo na melhoria da vida?

A esperança e o otimismo: Como está o sentimento de esperança e de otimismo com relação à melhoria da vida?

A fé: Como está o nível de conforto e força promovida pela fé, de forma a melhorar o bem-estar e também como aproveitar a vida?

Esses são todos pontos importantes para a reflexão quanto à própria qualidade de vida e saúde, evidenciando o quanto a espiritualidade deve estar presente para uma mentalidade melhor no lidar com as questãoes naturais da vida.

UMA DISTINÇÃO ENTRE ESPIRITUALIDADE E RELIGIÃO

A palavra religião, vem do latim religare e significa tornar a ligar. É a volta às origens, é a conexão com Deus, com o Criador, ou seja, com a causa primeira de todas as coisas, a Inteligência Suprema, conforme já haviam nos informado os benfeitores espirituais na questão 1 de O livro dos espíritos.

Mas o fato é que a religião, na maioria das vezes, é definida como aquilo que se refere ao institucional, ao doutrinário, às crenças, aos ritos, à forma e aos formalismos, às normas, ao que é prescrito com mandamentos e regras, mantendo uma hierarquia.

A espiritualidade por sua vez é uma predisposição que se tenha em buscar um significado para a vida. É uma procura de sentido para as experiências e uma busca de conexão com algo superior. E o fato é que a vivência do sentimento de espiritualidade pode ou não estar ligada a uma religião.

Mas, para o benfeitor espiritual Emmanuel, Religião, para todos os homens, deveria compreender-se como sentimento divino que clarifica o caminho das almas e que cada espírito aprenderá na pauta do seu nível evolutivo. (O consolador, questão 292).

Até por isso, no diálogo inesquecível de Jesus com a Samaritana no poço de Jacó, conforme o Evangelho de João, 4:19-24, quando questionado se Deus deveria ser adorado naquele monte ou em Jerusalém, exatamente onde estavam os dois principais templos religiosos da época, um dos Samaritanos e um dos Judeus, Jesus disse-lhe então que Deus deveria ser adorado em espírito e verdade. Ou seja, o mais importante não é o lugar, mas o sentimento e o entendimento daquele que procura ligar-se a Deus.

Por isso também, Paulo, escreveu: Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? (I Coríntios 3:16). O templo é o coração da criatura humana e Deus será encontrado ali.

RELIGIÃO E PURITANISMO

Nas diversas possibilidades de expressão do comportamento humano, ainda é muito comum uma preocupação maior em parecer do que em realmente ser. E o fato é que isso se aplica a todos os setores da vida social e em um comportamento neurótico. Alguns tem a forte tentativa de agradar aos outros em função das opiniões que são expressas, principalmente sobre o que está na pauta dos modismos.

A questão é que esta característica também é levada ao meio religioso, onde muitos ainda se permitem a experiência de estar em uma religião sem a devida religiosidade. Mas essa é uma vivência de aparências sem que o sentimento acompanhe o real das atitudes e das falas apresentadas.

É o que se chama de puritanismo. O puritanismo, é a busca de parecer algo que ainda não é e está ligado a uma não aceitação de si.

Tornar-se puro é um processo gradativo, natural, de aspiração evolutiva, de crescimento que parte primeiro da aceitação de quem se é, reconhecendo os valores e as dificuldades que se tem. Ninguém se tornará melhor pelo simples fato de negar os aspectos difíceis que ainda tenha.

Deste modo, vivência real dos valores nobres da vida é uma questão de primeiramente mudar o interior, no campo dos pensamentos, dos sentimentos e ideais de vida, para depois ser expresso verdadeiramente através das atitudes.

RELIGIÃO E RELIGIOSIDADE

A religião tem um papel importantíssimo como caminho para Deus.

A finalidade da religião é o de levar as pessoas ao verdadeiro significado da existência, despertando e desenvolvendo o sentimento de religiosidade, ou seja, de conexão com o Criador.

A verdadeira religiosidade visa despertar o ser para a liberdade, para a responsabilidade perante a vida e as experiências. O sentimento de religiosidade permite que a pessoa viva a vida com naturalidade, com a capacidade de exercer o discernimento, levando a criatura a entender e a buscar a harmonia com todos os seres.

O objetivo da religião é o de oferecer o consolo diante das experiências da vida, revelando a importância dos valores espirituais em função da essência real do ser humano. Ao clarear a percepção sobre a realidade da vida espiritual, apresenta-se uma proposta de crescimento contínuo pela própria transformação dos pensamentos, dos sentimentos e dos atos.

Deste modo, a religião é o conhecimento, é o corpo de conteúdos que podem propiciar uma compreensão saudável na forma de lidar com as situações da vida. Mas a religiosidade, diferentemente, aparece como o sentimento e a transformação aplicadas em cada experiência da vida.

O desafio é viver a vida como um ato de religiosidade, pois, em essência, a busca é de conexão com Deus. A origem espiritual do ser humano o coloca em necessidade da experiência de religiosidade e espiritualidade para que possa estar verdadeiramente saudável.

Para uma convivência saudável com os outros é preciso, primeiramente, ter um bom convívio consigo mesmo e também com Deus.

A adoção da religiosidade e da espiritualidade, como um modo natural de se portar perante a vida, propicia uma condição de robustez do próprio psiquismo para poder lidar com os enfrentamentos da vida e ter uma melhor adaptação às situações.

O exercício de espiritualizar-se abre espaços para o autoconhecimento, o autocuidado, o autorrespeito, a autoestima e também para o respeito e boa convivência com aqueles que tenha contato.

Quando Jesus disse “Eu e o Pai somos um”, Ele, que é o modelo e guia da humanidade, que já percorrera todos os estágios evolutivos, que culminou em uma ligação profunda com Deus, apresentou, por meio de si mesmo, o protótipo do ser humano ideal, aquele que realizou a profunda jornada de retorno ao Pai, estabelecendo um contato tão profundo com o Criador que disse: “O meu alimento é fazer a vontade de meu Pai.”

O PAPEL DO ESPIRITISMO ENQUANTO RELIGIÃO

“[…] muito em breve, o homem estará ligado à glória da Religião Cósmica, da Religião do Amor e da Sabedoria, que o Cristianismo Renascente, no Espiritismo de hoje, edificará para a Humanidade, ajustando-a ao concerto de bênçãos, que o grande porvir nos reserva.” (Trecho da entrevista realizada pela LBV em 1954 com Francisco Cândido Xavier e seu Instrutor Espiritual Emmanuel)

Jesus, há mais de dois mil anos, já havia prometido que enviaria um outro consolador, que teria um papel importante perante a humanidade inteira. Que viria ensinar, relembrar e reviver os ensinamentos que ele próprio havia trazido e exemplificado.

“Tenho vos falado essas coisas, enquanto permaneço junto a vós. Mas o Paracleto, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas e vos lembrará todas as coisas que vos disse.” Jesus – João 14:25-26.

Cabe ao Espiritismo, na figura de todos aqueles que se afinam com a sua proposta, o papel de reviverem o Cristianismo, despertando os próprios corações para a expressão dos ensinamentos do Cristo como na sua primeira hora.

Ao trazer uma fé sem dogmas, que permite a compreensão, uma clareza da vida espiritual, um entendimento da existência de Deus, da imortalidade da alma, da evolução através da reencarnação, da comunicabilidade com os espíritos desencarnados, proporciona com isso, uma responsabilidade maior de cada um perante a vida e as relações que se tenha, transformando as pessoas em seres melhores. Deste modo, estabelece um estilo de vida mais fraternal, com a compreensão de que todos somos filhos do mesmo Pai.

Rodrigo Ferretti

[1] https://www.ufmg.br/boletim/bol1551/segunda.shtml e http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-294X2012000300016

Rodrigo Ferretti é autor do livro de espiritismo Conecte-se a Você, publicado pela Editora Dufaux. Você pode dar uma olhado no livro clicando no botão abaixo!

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Rodrigo Ferretti é um estudante da Doutrina Espírita desde os 17 anos de idade. Foi cursar psicologia depois de ler as primeiras obras da série psicológica de Joanna de Angelis. Palestrante desde os 20, escreve artigos espíritas em alguns jornais de divulgação doutrinária e no blog da Editora Dufaux.

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