Eu estava lendo o livro de espiritismo Regeneração – em harmonia com o Pai, de Samuel Gomes, e me deparei com um dos seus capítulos sob o título “Construa um novo olhar”.
Imediatamente tive vontade de refletir como nós realmente encaramos o nosso mundo.
O MEU OLHAR
Quantas vezes nós, vivenciando um momento de dor profunda, esquecemos que toda experiência é uma oportunidade bendita para o nosso aprendizado, para a nossa elevação?
Neste capítulo, para nos dar mais embasamento à nossa reflexão, Samuel Gomes separou uma passagem da Bíblia muito expressiva que nos diz:
“Não veio sobre vós tentação se não humana; mas fiel é Deus, que vos não deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar.” (1 Coríntios 10:13)
SERÁ QUE ISSO É VERDADE?
Se ainda não acreditamos nisso, para suportarmos toda experiência dolorosa vivenciada, precisaremos lembrar que tudo na vida está pautado na justiça divina. Se nós, que estamos neste planeta que ainda é de provas e expiações, não nos dermos a oportunidade de abrir os nossos olhos para aquilo que vai além do que sentimos na matéria, jamais enxergaremos a misericórdia divina tampouco o amor do Pai para conosco.
Quando estamos para reencarnar, temos como principal tarefa aprendermos, por meio da vida material, lições de suma importância para nos enxergarmos como ainda estamos. Não duvidem que as esperamos ansiosos, mesmo que temeroso, para que os débitos entranhados em nosso ser possam ser aliviados de nossa consciência.
Essas lições, que vamos vivenciando a cada dia, vão nos ajudando em nossa depuração, mas aos nossos olhos, esquecidos de nosso planejamento, são momentos de muita dor e frustrações.
NO ENTANTO…
Hoje estamos mais conscientes de nossa viagem para este planeta escola, e já possuímos condições de nos adaptar ao véu do esquecimento que nos protege e auxilia, mas que, pelas nossas tendências mais íntimas, não nos impede de enxergarmos quem somos.
Diante dessa realidade, precisamos deixar de lado o nosso temor de enfrentar o novo, de abraçar as mudanças que nos tirariam da zona de conforto e tomar algumas atitudes essenciais para buscarmos a nossa lapidação íntima.
FERRAMENTAS ESSENCIAIS
Uma delas é efetivamente abrirmos os nossos corações para, devagar, aplicarmos os aprendizados que vamos adquirindo a cada experiência vivida, indo ao encontro das mudanças que já estão ao nosso alcance. Tal atitude vai nos dando mais e mais condições de enfrentarmos outras tantas experiências que são somente um reflexo de nossas próprias escolhas.
Mas, voltemos ao que aquela passagem da Bíblia nos fala: “… antes com a tentação [Deus] dará também o escape, para que a possais suportar”.
Apesar de vivenciarmos experiências que nasceram dolorosas frente ao nosso olhar ignorante e que nos fazem ajoelhar diante da intensidade da dor sentida, Deus jamais nos impõe circunstâncias que não conseguimos suportar e que não tenham o objetivo primeiro de nos trazer aprimoramento.
A verdade é que, diante de nossas ações equivocadas, Ele, por meio de Suas leis, nos impõe vivências para o bom entendimento de quem nós somos e/ou poderemos nos tornar. Essa reação divina, no entanto, provoca efeitos que jamais chegam a ultrapassar a baixeza das nossas próprias ações maquiavélicas.
O AMOR DIVINO VAI ALÉM
E tem mais, no intervalo entre uma e outra circunstância que, para nós são difíceis de vivenciar, Ele nos dará momentos que amenizarão a carga daquela dor, nos fortalecendo para a vivência das que virão. O problema é que, em razão da nossa pequenez, nós não enxergamos a bondade universal e condenamos a Deus e a nós mesmos por tamanho sofrimento.
Tanto é assim que, na leitura mencionada, Samuel Gomes nos chama a atenção para o seguinte:
“Onde o homem observa ângulos negativos na vida, a bondade encontra recursos para a transformação. São convites para uma nova forma de ver a vida, para iluminação definitiva na nossa integração com a celeste sabedoria.”
Daí, podemos observar a nossa tendência em enxergar, naquilo que nos desagrada, somente os ângulos negativos da vida. Mas, podemos mudar isso.
Se desejarmos enxergar com a bondade que já existe em nós, associada à nossa fé de que o Pai está por nós em cada experiência, encontraremos recursos para a nossa transformação.
Como duvidar que só depende de nós a forma como enxergamos a vida? Como duvidar que as oportunidades de mudança estão no nosso mundo íntimo e que ninguém mais poderá implantar esse querer em nosso ser?
Vamos abraçar a ideia consoladora de que tais circunstâncias acontecem apenas para que nos transformemos gradativamente. E a palavra é gradativamente, porque será passo a passo que conseguiremos nos ver melhores e enxergaremos, com a absoluta certeza, a misericórdia divina.
OS DOIS LADOS DA ZONA DE CONFORTO
Acima, eu afirmei que precisamos abraçar as mudanças que nos tiram da nossa zona de conforto. Esta também poderia ser caracterizada, como diz a Bíblia, de ponto de “escape”, porque é nela que nos colocamos quando tudo que vivenciamos se torna natural para nós. É lá que, normalmente, nos sentimos no domínio de nossa vida e ficamos felizes, até que outras experiências começam a agir e nos mostrar que está na hora de fazer novas escolhas.
Nessas zonas de conforto, como o próprio nome já diz, as pessoas descansam, mas infelizmente, e na maioria das vezes, também se colocam inativas para o progresso tão almejado pelo espírito, porque mudanças são incompatíveis com o controle ilusório que desejamos ter.
Pior ainda é quando nós acreditamos que somente pela dor e pelo sofrimento essas mudanças acontecem, crença essa que não nos dá a chance de mudarmos enquanto a bonança predomina.
Assim, mesmo quando já portadores das ferramentas para nossa transformação, estaremos sempre aguardando a tempestade para, pelo sofrimento, agirmos para o nosso engrandecimento.
PODEMOS FAZER DIFERENTE
Diante dos nossos princípios espirituais, sejam aqueles que nós já adotamos sejam aqueles que nós desejamos absorver em nosso ser, podemos aceitar a figura do Deus Justo e Bom descrito pelo Messias e nos entregarmos às experiências de aperfeiçoamento. Se nós aprendermos que por trás de cada dificuldade está uma oportunidade de aprendizado e crescimento, tudo o que enxergarmos na vida terá como base o nosso olhar bondoso, temperado pela bondade divina.
Repetindo o que já foi exposto:
“Onde o homem observa ângulos negativos na vida, a bondade encontra recursos para a transformação.”
Cada um de nós aprende a cada segundo do seu viver e esse aprendizado se dá porque é na realização que tudo se torna palpável e passível de absorção íntima. Por isso, ao colocarmos em prática o nosso olhar bondoso sobre tudo e todos que estão ao redor, daqui há um tempo, este olhar estará refletindo com consolação toda a atuação divina em nossa existência.
POR ISSO…
… construamos um novo olhar com o que já possuímos, porque a dor na bonança não vem acompanhada de sofrimento e aprenderemos que a bondade divina está em tudo e em todos, havendo dor, mas também consolo e amparo.
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