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Curar com Jesus

Sempre é bom, e necessário, recordar nosso Mestre e Suas lições. Temos muito o que aprender com Ele, basta prestarmos bastante atenção às Suas palavras, parábolas e modo de vida. Jesus sabia curar e curava por meio do amor.

Este é o nosso tema de hoje, vamos lá então!

Um exemplo que vivi

Trago aqui, a título de exemplo, como uma mudança de olhar interior é significativo na evolução de uma doença.

Recordo-me de uma paciente com quadro de artrose das articulações dos joelhos, fibromialgia e hipertensão, além de problemas pessoais e familiares bem intensos que, apesar de bem medicada e repertorizada[1] conforme os princípios da ciência Homeopática, e de aconselhamentos reiterados frente ao enfrentamento de suas mazelas e de sua doença, sempre retornava poliqueixosa e chorona referindo-se as mesmas situações de sempre. Ou seja, as mesmas dores e uma melhora pouco perceptível. Também fazia acompanhamentos alopático e psicológico, porém mantinha sempre a mesma postura viciosa de vitimismo. Foram 3 atendimentos assim.

No quarto atendimento, ouvi suas queixas com calma e em silêncio. Busquei, usando seus próprios argumentos, sentir sua dor e contrapor-lhe as incoerências que repetia. Usei de palavras bem mais duras, mas que tocaram bem fundo em sua alma e desencadearam uma crise de choro convulsivo quase incontrolável.

Confesso que quase me assustei, pois foi mais intenso do que eu esperava, chamando a atenção de outros profissionais da unidade de saúde que passavam por ali. Procurei manter a serenidade, confiei no meu controle da situação e na assistência invisível que recebia.

E seguindo a Jesus, como acolher um enfermo?

Acolhi-a nos meus braços, abraçando-a, pois o que ela precisava era de contato humano, de um abraço. Apesar da pandemia, acolhi-a sem medo, disse-lhe que não tinha medo da doença[2]. Ofertei-lhe palavras de carinho, confiança e fé. Ela abriu seu coração dizendo coisas que trazia escondidas no seu íntimo e que me ajudaram muito a escolher as palavras amorosas e certeiras que ela precisava ouvir. Consegui me colocar no lugar dela, sentir sua dor e dar-lhe o carinho e o afeto de que precisava, além da ciência médica que eu tinha ao meu dispor. Ela saiu mais calma, medicada e mais confiante, sobretudo em si mesma.

A paciente retornou 2 meses depois, já sem os óculos escuros que sempre usava, revelando diversas mudanças de postura e de ampliação de consciência, ensaiando uma nova disposição de viver. Afirmou que sabia que nada iria mudar ao seu redor, mas que a doença física que enfrentava não a impediria mais de viver e de se tornar uma pessoa melhor. Que sabia também que ainda viriam lutas pela frente, mas tinha o direito de ser feliz. Estava consciente de que o que tinha de mudar era o seu viés, o seu olhar e seu enfrentamento das ingerências de sua própria vida. E não se esqueceu de uma fala que eu lhe disse, e que tinha virado seu mantra: “Eu posso e eu sei que vou conseguir, eu tenho fé”!

Nas consultas subsequentes ele veio mantendo esse ganho, como conquista e demonstrando uma nova relação de amor com a vida.

Então, como lidar com a dor?

Jesus nos deixou vários exemplos vivos de como devemos lidar com as intempéries, as circunstancias do caminho e o seu enfrentamento como espíritos imortais que somos e, todos nós, filhos de um Pai misericordioso, que não nos coloca dificuldades além de nossa capacidade de enfrentamento.

Nada por que passamos na vida, por mais difícil que possa parecer, como uma doença ou uma limitação funcional, tem o objetivo de nos jogar ao solo impotentes, ou nos fazer sofrer. A dor é inevitável em nossa vida, seja ela física ou moral, mas o sofrimento em decorrência dela é postura e escolha individual.

Tudo o que temos, vivemos ou enfrentamos tem sentido para nós, em face de nossa individualidade e de nossas escolhas. Esse é o olhar necessário sobre a dor, pois raiva, revolta ou inércia não nos levam a lugar nenhum. Pelo contrário, faz com que nosso quadro clínico frequentemente se agrave.

E se buscarmos o Evangelho, vamos ver que Jesus também falava que o Reino de Deus é chegado até nós e que devemos curar os enfermos.[3]

E eu fico a pensar que primeiro, devemos acolher o universo de nossas enfermidades interiores. E olha, ele é imenso e farto! Temos de procurar adquirir essa capacidade de nos acolher com compaixão e humildade, senão não saímos do lugar, a vida passa, as lições não são aprendidas e será preciso repeti-las adiante.

E a doença em nossa vida, o que pode ser?

Doença em nossa vida é momento de reflexão. É um sinal de que precisamos repensar nossa relação conosco, com nosso corpo, com nossas emoções, com o outro e com a vida. Um olhar positivo sobre esse evento adverso – a enfermidade – em nossa caminhada nos mostrará que ela significa que a nossa alma está vivendo um momento de clareamento, libertação e de exoneração de miasmas que acumulamos em decorrência de escolhas e atitudes desconectadas com o bem ou com hábitos saudáveis de vida.

O que posso fazer?

Pensar em saúde gera saúde. Atitudes mais saudáveis são decorrentes dessa mudança de postura. Isto é lucidez.

O otimismo, o enfrentamento, a aceitação do momento existencial, a resignação e a busca de tratamento, seja de ordem médica, com aquilo que a ciência nos oferece, e a admissão de novas atitudes em relação à saúde física e à higiene mental, refletirá em um adoecer menos sofrido e com maiores perspectivas de recuperação. Um prognóstico médico, enfim, mais favorável. A ciência médica com certeza tem artigos publicados que atestam este fenômeno.

Munidos dessa perspectiva e dessa intenção de nos acolhermos como doentes espirituais, necessitados que somos de amor e de amar, podemos mudar o olhar para nosso semelhante e perceber melhor sua necessidade para darmos a ele o que realmente precisa, para que também faça essa jornada interior.

Sem imposição de posturas que ele ainda não é capaz de assumir, ou de conselhos vazios sem a devida percepção de sua individualidade. Isso só servirá para agravar o processo da doença, física ou da alma.

Uma lição que aprendi!

Em face disso vemos como cada um de nós já possui um manancial inerente à sua “genética Divina” e a capacidade de aplicar os ensinamentos do Cristo a nós mesmos.

Todo processo de adoecimento só será convertido em renascimento e cura se compreendermos que cada indivíduo é o agente da própria libertação.

Jesus é o exemplo e o caminho. Ponto final!

Todos nós sempre teremos e receberemos ajuda, mas é preciso procurá-la por meio da mudança de postura e de um olhar interior corajoso, compassivo e proativo. Somente assim mãos visíveis e invisíveis se estenderão em resposta às nossas preces. Nós podemos perceber suas ações na forma de eventos, pessoas, palavras e oportunidades na vida.

E são tantas as maneiras que nossos amigos reais se utilizam para nos auxiliar na mudança de rota em nossas vidas, na direção do belo e do bem!

Assim podemos entender que a cura parte de dentro de nós.

A medicação, o auxílio e quaisquer terapias vem de fora, mas efetivamente o caminho de cura é inverso.

É preciso ser autêntico, ousar, aceitar o novo e o diferente e amar sem medo, pois o amor cura.

E afinal vamos nos curando, intimamente e uns aos outros.

[1]  A repertorização é um recurso que a medicina homeopática dispõe para reconhecer as sensações e os sintomas que são relevantes, de acordo com a individualidade do paciente. E usando o princípio de que o semelhante cura o semelhante, encontrarmos o melhor medicamento da Matéria Médica Homeopática, e que será o remédio indicado para o paciente.

[2] Estávamos em período de Pandemia, COVID19.

[3] Lucas, 10:9 

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Ricardo Gruppioni

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